4 de março de 2009

Mera cópia… Ser imprensa no carnaval de Belém 2009, coisas que aRede[aparelho]-: faz por você.

Há três anos que escuto o Arthur (um dos articuladores da Rede[APR]-:) falar e cantar carnaval pra gente, suas histórias, seus enredos, sua harmonia, suas cores, dialogando conosco sobre suas experiências no Rio de janeiro, Icoaraci e Belém do Pará. A partir dos relatos dele, fui percebendo que o carnaval é muito mais do que a Globo, que pra mim não é rede, mostra e, que por trás de tanta alegoria havia um contexto artístico-social extremamente interessante, que merece mais atenção, digo egoístamente, da minha parte, e digo absolutamente, de todo mundo.

Dia desses depois de uma prova de três horas sobre as Mônadas do Leibniz,um aluno de filosofia da Universidade Federal do Pará,me falou que não gostava do carnaval da capital do Pará, pois achava uma mera cópia dos carnavais carioca e paulista. Eu pensei : - Esse cara, não entendeu nada sobre as Mônadas...Estas, são as substâncias primeiras no mundo, são as únicas coisas que existem em si, e o movimento delas é intrínseco, ou seja acontece dentro delas, é um movimento dentro do imóvel, tá; mas o mais importante de entender isso, é que depois de tanto blábláblá da Monadologia, você percebe o mundo como uma máquina orgânica , ou seja,dotada de alma, anima, e que tudo faz parte de um todo vivo, que se movimenta mesmo que parado, e que o espaço e tempo não passam de sucessão de situações do que ocorrem no mundo, isto é, aqui e agora; logo, você me pergunta : - Mas que diabos isso tem haver com a relação de cópia que teu amigo da filosofia fez entre o carnaval de Belém e o do das grandes metrópoles do Brasil? Então, tenho que responder:

Depois, de através da Rede[APR]-:, eu ter ido para a Aldeia cabana, a avenida do samba de Manga´s Manga´s babilon city, não tive dúvidas que o carnaval da cidade é bem igual ao do Rio e de Sampa, digo estruturalmente, em uma tentativa de organização, mas estou partindo do pressuposto monástico,não sei se essa palavra existe, mas quero dizer das Mônadas, ou pelo menos, do que eu disse sobre elas; onde se temos uma estrutura imóvel, pois ela é igual à de lá, temos também um movimento original que ocorre dentro dela. O que eu senti, correndo de um lado para o outro, tirando fotos, fazendo filmagens com um celularzinho, que tem uma ótima imagem diga-se de passagem, foi uma energia muito cativante, emocionante mesmo; quando vi a Tradição Guamaense, inovando na batida, misturando, samba de verdade com um tecnobrega de super sucesso, entrei em êxtase. Claro, toda escola tem seu mérito, mas digo sinceramente, que me apaixonei mesmo pelas menores, as que tinham dois carrinhos alegóricos, cheios de sucatas. E a Quem são Eles, que depois de muito tempo esperando um carro quebrado do Rancho não posso me amofinar sair da avenida, entrou às 8 horas da manhã, com todos os seus foliões chorando e a bateria gritando que me deixou toda arrepiada? Sabe por quê? Por que o movimento ali é intrinsecamente vivo, cheio de energia. Envolve muita gente, desde dono da escola, até os que empurram os carros, os que limpam a avenida aos que montam as fantasias; quando a escola passa, tem muita criança ali, que mesmo morrendo de sono, agüentam o tranco, pois é emoção, é o afeto pela história que estão construindo juntos, todos juntos, pensando, cantando, costurando, gritando e sambando. Entendem? Construção de uma história deles, por Eles mesmos? Digo até nossa, pois eu estava lá, correndo toda serelepe, com uma câmera na mão, a câmera do possível, fazendo a mídia para eles. E Essa é a ação de liberdade direta que Rede[APR]-: proporciona, fazer registros fotográficos, textuais, visuais, de forma até mesmo lúdica, experimentando sensações da vida com ela é para que uma dialógia crítica ocorra.

Portando eu pergunto agora : - qual é o problema deste nosso carnaval ser uma mera cópia? o que de fato não é realmente; mas qual o problema? Se o movimento causado por esta “cópia” é altamente producente? tenho certeza que este amigo , quase filósofo, não tem nenhum filho marginal, que nos dias de carnaval prefere pegar o tamborim a ter que pegar uma arma para assaltar. E afinal, copiamos coisas muitos piores da grande mídia, que nos vende do Rio de janeiro e de São Paulo seu lixo industrial todo dia, e olha que nós nem reclamamos, até gostamos, achamos que é o “normal”. Penso que a função social do carnaval é distribuir carnavalescos, assim como a da filosofia é distribuir filósofos. E quanto mais gente tiver a oportunidade que alguns poucos tem, de fazer, falar, mostrar-se, menos indigno este Brasil se torna.




Bruna Suelen
[aparelhada]-:, quase filósofa , não artista e que não é da imprensa.